Sobre a saudade no PCP relativamente ao “golpe de Outubro”, na Rússia e em 1917, saudade que já foi do bolchevique Cunhal e hoje ronda o populismo lumpen de tipo anarco-sindicalista de Jerónimo, leia-se este mimo em que uma convulsão que teve o custo humano de 30 milhões de vítimas, das quais 12,5 milhões de assassinados (só no território soviético), merece esta apreciação que nos remete aos muitos almoços e jantares que, no PCP, procuram perpetuar um apego atávico que lhe impede a passagem a um pensamento político no século XXI:
apesar de todos os erros, desvios, desvirtuamentos e até traições que tenham existido e levado ao desmoronamento deste grandioso empreendimento, pela primeira vez intentado pelo proletariado russo, sob a direcção de Lenine e do Partido Bolchevique, que foi o «assalto ao céu», permanece inquestionável a sua influência e impacto na História da Humanidade ao longo de todo o século XX e nos progressos de movimento operário internacional e dos movimentos nacional-libertadores.
É colossal o esforço hoje desenvolvido pelas forças de direita e do grande capital revanchista para reescrever a História, denegrir este incomparável acontecimento histórico, subverter os ideais que o inspiraram, mas os comunistas portugueses não o esquecem e fazem questão de todos os anos comemorar esta data indelével na História da Humanidade, que esteve, aliás, na base da fundação do próprio PCP. É que epítetos e ameaças não os amedrontam nem emocionam, tão certos estão de que em 2007, tal como em 1917, se mantém a necessidade de lutar por uma sociedade onde não mais exista a exploração do homem pelo homem, por uma sociedade de progresso, justa e fraterna.
Assim, para além da sessão pública, que ontem se realizou na Casa do Alentejo, em Lisboa, com a presença do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, e do livro que as edições Avante! vai lançar – noticiado nesta página – as organizações do Partido, de Norte a Sul do País, comemoram com entusiasmo e confiança o 90.º aniversário da Revolução de Outubro. A começar na sede central do Partido, onde também ontem se realizou um almoço de confraternização, em que interveio Maria da Piedade Morgadinho, membro da Comissão Central de Controlo, seguindo-se no sábado, um almoço na Atalaia, promovido pelo Sector do Património, em que intervirá Aurélio Santos, membro também da Comissão Central de Controlo, até aos inúmeros debates, almoços, jantares que se realizam de Loures, a Setúbal, ao Algarve (ver agenda), ou à exposição que está a decorrer desde terça-feira na Academia Almadense, em Almada, que se prolongará até ao próximo sábado.
E se registamos a saudade do PCP para com 1917, rompendo o bloqueio noticioso da comunicação social ao serviço dos monopólios para com tantos almoços e jantares de fraternidade luso-bolchevique, é porque o mesmo “Avante”, em editorial (desta vez, não há a desculpa que foi o senil-tresloucado Miguel Urbano Rodrigues que o escreveu), nos fez saber:
Saibam, então, por muito que lhes custe – e custa, ó se custa! – que nós, comunistas portugueses, não apenas comemoramos com orgulho esta data marcante da história universal, como assumimos frontalmente que a nossa existência, a nossa razão de ser e de lutar, e o projecto de sociedade que constitui o nosso objectivo maior – aqui, em Portugal, com a classe operária, os trabalhadores, o povo - têm as suas raízes essenciais nos valores, nos princípios, nas experiências, nos ensinamentos, nos êxitos da Revolução Socialista de Outubro.
Saibam, então, por muito que lhes custe – e custa, ó se custa! – que, neste 90º aniversário de Outubro, o PCP assume, com orgulho, que a sua criação, em 1921, teve como fonte de inspiração essencial o Partido de Lenine, vanguarda revolucionária da classe operária russa e construtor da gloriosa Revolução de Outubro – e assume com igual orgulho que essa inspiração foi força motriz da luta travada, nas mais diversas circunstâncias, nos seus oitenta e seis anos de vida, e do processo que levou à construção inovadora e criativa do PCP como «partido leninista definido com a experiência própria», segundo a definição do camarada Álvaro Cunhal.
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