Julgo que nos fazia falta uma Santa que assim tivesse pensado:
«É tão dolorosa esta dor desconhecida – não tenho qualquer fé.»
«Às vezes, sinto a terrível perda de Deus. Sinto que Deus não é Deus e que ele não existe realmente.» (*)
Se o processo de canonização de Madre Teresa de Calcutá não for interrompido após esta revelação (parece que não), teremos uma Santa capaz de reunir crentes e incréus sob o mesmo palio da irmandade do olho aberto perante qualquer deus, contando os de cá e os de lá. Porque qualquer divindade, por mais que o seja, se por vezes funciona bem como abrigo, até como inspiração, merece a dignidade crítica da dúvida. E é isso que justifica os preventivos pára-raios nas igrejas que tantas calamidades evitam em dias de borrasca. No caso da albanesa Teresa, benfeitora modelo, vá-se lá saber se lhe pesou mais a inspiração divina que a do seu patrício Henver Hoxa, esse ateu científico que julgo ainda iluminar um dos ramos do Bloco à portuguesa. Só pelo milagre do mistério paradoxal da fé de Madre Teresa, ela já merece lugar no altar das santidades. O meu voto favorável está dado.
(*) – Das cartas de Madre Teresa de Calcutá a incluir no livro “Mother Teresa: Come Be My Light” a ser lançado brevemente.
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