Perante a tragédia palestino-israelita pergunto-me como se pode apoiar os extremistas e belicistas que governam Israel ou os fascistas islâmicos do Hamas? Sim, eu sei, ninguém defende os que agridem, e agride-se dos dois l
ados. Sim, eu sei também, é só pena dos mortos e feridos, sobretudo das crianças de Gaza. Só que numa guerra, e ali há uma guerra (visando dois - não um! - genocídios em simultâneo: o da eliminação dos judeus e irradicação do Estado de Israel por um lado, ocupação e massacre dos palestinianos por parte dos fundamentalistas do sionismo), a repugnância unilateral acarreta a conivência automática com o outra barricada. Perante a tragédia israelo-palestiniana, só encontro um caminho justo para a solidariedade. Nem uma moedinha para o peditório dos manifestantes de águas turvas [os ingénuos sensíveis de fresco mas também os velhos herdeiros do "pacifismo" da guerra fria, "anti-imperialistas" (mas que sempre pouparam o imperialismo soviético, até ajudando-o à missa) e anti-semitas mascarados de anti-sionistas (na esteira do estalinismo tardio)] E tudo, tudo mesmo, pela condenação da violência e intolerância na Palestina e em Israel, exigência de um cessar-fogo imediato e efectivo, dar aos poderes israelita e palestiniano a escolherem: negociações sob o signo da convivência e da paz ou condenação de ambos os poderes ao ostracismo internacional sob todas as formas (político, económico, fornecimento de armamento). No meu entender, qualquer indignação e condenação de visão unilateral, mesmo que sob pretexto humanitário, será sempre aproveitado como sendo, que mais não seja em ricochete, um apoio a uma das partes, ou seja, objectivamente uma acha pela continuação da guerra.