Do melhor do ano aconteceu no fim mesmo do ano. Hoje. O Tomás, neto teimoso em continuar solitário nessa vaidosa condição, fez visita prolongada para abraço ritual de mudança no calendário e para metermos a escrita
O fim dos ditadores é uma questão que eriça as opiniões com setas contraditórias. Se um ditador morre na cama sem prestar contas que se aproximem dos crimes cometidos, ai jesus que a história é injusta e o destino lhe foi leve sem o merecer. Se morre de morte matada, ai rico jesus que não deviam fazer isso ao homem. A um horror justiceiro, sucede-se um horror de nojo. No primeiro caso, exaltam-se as vítimas que não tiveram direito a vingança. No segundo, as vítimas passam para o nevoeiro dos bastidores e a pessoa humana do ditador enche o palco.
Um dia, um qualquer manual de boas maneiras políticas há-de ensinar como devem morrer os ditadores. Ou então sai Decreto a proibir que os ditadores morram, condenando-os àquilo que qualquer ditador ambiciona – a eternidade desamada.
Entre uma cidade que amei e um ditador que detestei, agora que uma está desfigurada e o outro esticou uma corda de forca, juntando estas duas indignidades e vasculhando no baú das memórias, resta-me o quê? Opto por, simbolicamente, reler um post que coloquei em 6 de Abril de 2004 (rebobinando recordações dos meus tempos de sindicalista internacionalista):
Tive oportunidade de visitar Bagdad, pela primeira vez, vai para aproximadamente vinte e cinco anos. Foi com emoção e deslumbramento que, na chegada, vi os milhares de laranjeiras que decoravam ruas, casas e jardins, bem debaixo da janela do avião já inclinado para rumar à pista.
Laranjeiras omnipresentes por toda a cidade, elas que são árvores decorativas por excelência. Eu, pelo menos, gosto muito. É um regalo que redescubro quando visito uma cidade alentejana. Só que, falando de Bagdad, estamos a falar de uma cidade de muitos hectares e muitos milhões de casas e de habitantes.
Grande parte da cidade é plana, com ruas e avenidas largas, desenhadas em geometrias perfeitas. Entrando para o casco da cidade, pisávamos a velha Bagdad desenhada em círculos concêntricos pontuados por mesquitas decoradas por arabescos fascinantes e bazares onde tudo se vendia, que exalavam todos os cheiros das especiarias e ofereciam panos, cobres e pratas de todas as formas e feitios. As casas ricas apalaçadas lembravam-nos que estávamos na cidade das mil e uma noites. E, depois, tinha um rio bem torneado que dava mais beleza ao conjunto. Desde então, essa memória de Bagdad fê-la entrar no pódio das cidades mais bonitas que conheço.
O nível de vida era muito razoável (vivia-se na euforia dos petrodólares e da subida do preço do crude), sentia-se segurança, movimento, cor, pujança e optimismo. O vestuário era variado mas sentia-se desenvoltura, modernidade e sem os atavismos dos exageros islâmicos.
Na altura, o parque automóvel envergonhava Lisboa, Madrid ou Paris. Todos de boas marcas ocidentais, potentes e quase todos novinhos
Por especial consideração, julgo eu, brindaram-se com um intérprete (um moreno baixo e com o típico bigode iraquiano) que só falava árabe. Imagina-se que a nossa comunicação se reduzia a sorrisos, gestos e salamaleques. Mas, tudo bem. O homem não largava os hóspedes que tinha de guiar como sua função e, assim, era divertido fazer-lhe fintas em escapadelas do hotel, galgar uma avenida em passo largo para acabar de o ver chegar junto de nós, ofegante da corrida de recuperação da companhia. Todos os dias, de manhã cedo, quando descia para o pequeno-almoço, lá tinha o porfiado guia sentado e atento à minha chegada. Fazíamos uns salamaleques efusivos como cumprimentos e eu lá ia matar o jejum sem que o guia me incomodasse o sossego. É que, enquanto eu trincava as torradas e comia os ovos mexidos e a salada de frutas, o meu estimado guia subia ao meu quarto para revistar malas e armários. Rápido, porque o homem já estava no seu posto quando eu saia da sala de refeições. Chamavam-lhe guia mas é claro que não passava de um polícia zeloso. Tão zeloso que, depois das suas revistas, ficava tudo como se o chui por lá não tivesse passado e eu só confirmava a busca, porque tinha os meus truques para detectar mexidelas mesmo que feitas por profissionais. Todo o dia era passado em companhia do prestimoso guia que, coitado, passava a vida a rir-se para ser agradável. Suponho que, após o meu regresso, o homem tenha tirado férias para estar, uns dias, solitário e sem se rir.
Era então o tempo,
Confesso que, na época, não fazia grande nem pequena ideia da peça que o Sadam era. Sabia vagamente que o sujeito era o Vice e bastava-me. O problema foi quando resolveram entrevistar-me para a televisão iraquiana. Já não me lembro bem do tema da entrevista mas devia ser qualquer coisa relacionada com as relações entre países produtores e consumidores de petróleo, etc e tal. Preparei-me para ler a minha cantilena (que escrevera em francês e já tinha sido traduzida para árabe). Tinha sido combinado que eu lia em francês o primeiro e o último parágrafo e um intérprete lia o texto completo em árabe. Fazemos um ensaio de luz e som e rebenta a barracada. Os tipos da televisão impunham que eu começasse a peroração com uma saudação ao Presidente Al Bakar e ao Vice-Presidente Sadam Hussein. Expliquei que, em Portugal, não usávamos dessas coisas. Eu não estava numa missão política e não tinha nada que saudar os governantes. Não podia ser. Teima para cá e para lá. Os tipos da televisão encenam uma descompostura acusando-me de querer ofender o país deles, o povo deles e os presidentes deles e que não estava a agir conforme as regras elementares da boa educação. O intérprete lá ia traduzindo as reprovações que ele ia sublinhando com gestos de indignação. Mau Maria. A coisa começou a ficar preta, eles não desarmavam a tenda, teimavam, teimavam e dali não se saía. Pensei em mandá-los à fava mas desisti de ir por aí. Sabia lá como iria reagir o meu guia e visitante do quarto nas minhas ausências. Resolvi sair-me da embrulhada, propondo um compromisso, meio por meio. Tinha-me habituado a regatear como eles gostam de fazer. Presidente é Presidente, saudava então o tal Al Bakar mas eles tinham de abdicar que eu desejasse longa vida ao Sadam. Ficaram mais verdes que antes. A solução que eu propusera era gravíssima e mais ofensivo era falar só no Al Bakar que não falar em nenhum deles. Foi a hora da minha intransigência, arrumassem a tralha televisiva que eu, no Sadam é que não falava. E fiz um gesto de quem arruma a papeleta no bolso. Os iraquianos pediram uns minutos para parlamentarem entre si e para ali estiveram, intérprete, jornalista, camerman, sonoplasta e luminotécnico, um tempão enorme em que pareciam todos zangados uns com os outros. Em árabe, é claro, e eu sem perceber patavina. Eu já só aspirava que desatassem todas à pêra e me deixassem
Um dia, convidaram-me para visitar o Zoo deles que, diziam era um dos mais valiosos do mundo árabe. Fui, é claro. Esperava ver os animais do sítio mas, é óbvio que um Zoo serve para mostrar os animais de sítios diferentes. Claro que não vi nem camelos nem leões que eles têm para lá aos pontapés. O que havia mais, em quantidade astronómica, era a grande atracção do Zoo de Bagdad: jaulas cheias de porcos. Porcos grandes, porcos pequenos, porcos de todas as cores e feitios. E eram o delírio da pequenada. Tinha-me esquecido que porco é que era raridade exótica em terras do Islão. Foi uma tarde em cheio, a cheirar pocilgas a abarrotar de porcos assustados com o barulho que a criançada fazia.
Voltei a Bagdad nos anos oitenta. Em plena guerra do Iraque com o Irão. A cidade tinha-se degradado, a alegria tinha desaparecido dos rostos e dado lugar a desconfiança nos contactos, os discursos eram estereotipados e os bens escassos. Até as laranjeiras pareciam tristes. E voltei a tropeçar no Sadam Hussein. Estava sossegado no meu local de congressista ocioso, quando, repentinamente há um burburinho do camandro, os iraquianos ficam todos nervosos e a correrem de um lado para o outro. Assustei-me. Ali devia haver caso e coisa grossa. Querem lá ver que os iranianos andavam a mandar mísseis para dentro de Bagdad? Saímos todos em cordões de segurança compostos por chuis à civil (montes de chuis) e os do Parido (montes de tipos do Partido) com as suas fardas verde oliva e fomos todos enfiados rapidamente para dentro de autocarros. A viagem em procissão de autocarros seguiu, atravessando toda a Bagdad. Ninguém sabia ou percebia o que se passava mas um australiano acalmou-nos aventando que nos deviam ir enfiar num abrigo subterrâneo para proteger as nossas vidas. Antes isso. Se a coisa estava feia, viesse lá esse abrigo o mais rápido possível. Mas a viagem parecia não ter fim e era fácil constatar que andávamos às voltas repetidas pela cidade. Foram voltas e mais voltas. Pensei: mas para mostrarem a cidade era preciso tanto cagarim? A viagem terminou dentro do Palácio Presidencial. Fizeram-nos um controlo policial personalizado (apalpadelas, raios x, etc) e enfiaram-nos num auditório todo cheio de rocócós. Ali estivemos mais de meia hora, a beber sumos de laranja que tipos do Partido iam servindo, a olhar para aquilo que parecia a frente de um palco com as cortinas fechadas. À espera de quê, ninguém sabia porque o silêncio era pesadíssimo, os rostos dos polícias estavam mais que sérios e ninguém se atreveu a pedir explicação porque é que estávamos ali sentados. Às tantas, o pano do palco abriu-se e só se viu uma secretária vazia no meio da cena. De repente, uma grande restolhada, o palco foi invadido por uma data de tipos com péssimo aspecto, de armas na mão e ocupando posições estratégicas na boca de cena. Aquilo estava a ficar para o pesado. Às tantas entra o Presidente Sadam Hussein, com sorriso de plástico, acenou-nos e sentou-se à secretária no palco com dois guarda-costas postados onde devem estar (nas costas do Presidente). Então era isso, tínhamos ido visitar o figurão. Confirmar que aquela raridade estava viva, de bom aspecto e melhor disposiçao. Lembrei-me do zoo de Bagdad, mas não me atrevi a rir alto. A solenidade pesava como chumbo. Às tantas, um palestiniano levanta-se no meio da assistência e recita alto (ouvida em tradução simultânea) elogios repetidos ao génio de Sadam e que estávamos ali todos para lhe desejar saúde e sucesso. Tudo em nosso nome. O mistério estava deslindado, segundo a versão oficial. Tínhamos sido nós que nos tínhamos metido voluntariamente dentro de autocarros e corrido ao palácio presidencial para cumprimentar o Presidente e apoiá-lo. (ninguém sabia como é que o raio do palestiniano obteve mandato para falar em nosso nome, mas isso era um pormenor). Com as televisões a darem em directo, o Sadam, ia agradecendo, enfadado, os nossos elogios e os nossos votos com assentos de cabeça. A paródia terminou com o Sadam a prometer que tudo faria para merecer a nossa confiança, dando cabo dos iranianos. E desejou-nos bom regresso às pátrias e casas de cada um. E voltámos aos nossos trabalhos congressistas, como se nada se tivesse passado.
Que o Carlos me perdoe se vou cuspir aleivosia. Mas não resisto. Vai então: a excelente imagem (excelente, repito) que lhe roubei para aqui, só me lembra a imagem que é transportada, em frasco de clorofórmio de memória pós colonial em vias de expiação, da boa África perdida pelas damas retornadas de bons sentimentos. De esquerda, pois claro.
Peço absolvição se ofendi alguém.
Ainda não foi este ano que a Igreja Católica me surpreendeu. E quando falo de surpresas penso sempre em prendas, porque é para isso que existe o Pai Natal a ir, em trenó puxado a camelos, ajeitar as palhinhas do Menino. Nada disso. Esta Igreja, a que vertebra a Europa de matriz cristã, conseguiu o mais difícil que foi piorar de Papa. Depois, não deu um passo em frente em qualquer das suas vetustas abencerragens: não largou mão das suas mordomias de casamento com o poder de César (cá na pátria, continuamos com os contribuintes, católicos ou não, a pagarem os soldos generosos dos 50 oficiais capelães militares); nega às mulheres a dignidade de igualdade perante o culto e no culto; castra os seus sacerdotes, como se estes fossem feitos em pau santo e portanto transportarem na braguilha um santo pau, empurrando-os para a masturbação ou para as taras sexuais de compensação da descarga da líbido; funga o nariz à contracepção; diviniza o feto como vida excelsa e mitificada enquanto espeta o dedo carcereiro às mulheres doridas pelo drama de abortarem.
Mas o acto simbólico maior de crueldade espiritual da Igreja Católica, neste ano a ir-se, foi a negação de enterro católico pedido pelo sofredor italiano que apelara apenas, como dádiva última, que lhe desligassem a máquina que artificialmente lhe prolongava a vida e espiritualmente lhe dava o sofrer maior de saber que vivia sem viver, máxima negação do direito à harmonia entre a vida e a morte, ou seja, o acto mais ímpio de uma mesma Igreja que nos pede tolerância pelo passado papal no seu desvario juvenil de ter sido um imberbe combatente pelo nazismo, uma fábrica da morte imposta. Esta radicalidade que casa o culto maximalista pelo feto, uma candidatura à vida, negando o direito à morte, que não é mais que a simetria da vida, a quem reconhece a vida pelo conteúdo de viver, foi o sinal maior de que o ópio do Vaticano continua e recomenda-se.
Mantenho a ideia-esperança que quando a Igreja Católica for capaz de integrar o prazer nas virtudes (*), demonizando antes a mitomania da castração, sobretudo perdendo esse terror adolescente que teima em conservar no ódio-temor perante a Santa Vagina, então teremos religião na vida e para a vida. Se Ela regrediu em 2006, desejo-Lhe, desejando-nos, venturas para 2007. Que posso fazer mais, dada a distância que me cansa os passos até os altares?
(*) Nem pensar em pedir tanto quanto a imagem possa sugerir… (cujo valor caricatural só funciona no actual quadro de facto)
No aproximar dos três anos e meio de bloganço, com a mudança de calendário a espreitar, confirmo que o mais fantástico da “rede” é, para além do que se escreve e ilustra, não conseguir matar nem as velhas amizades que aqui se reencontram nem a possibilidade admirável de se alargarem considerações e afectos. O que me levou até pessoas que não conhecia e gostei, mais a umas tantas que sem ainda lhes conhecer o rosto ganhei empatia com a alma revelada. Demonstrando que o sentir está acima da opinião e da disposição, sendo assim que continuamos humanos. Razões suficientes para que esteja guardado um pensamento muito especial para os blogo-amigos no dobrar de anos que se aproxima, para lhes desejar o Melhor:
Ana Margens (*)
Guida Alves (*)
Mário Lino (**)
(*) – Blogger em repouso prolongado
(**) – Blogger agora armado em Ministro
Os meus agradecimentos e votos de muitas felicidades vão também para todos os que, de uma ou outra forma, nos brindaram com a companhia, a opinião, a discordância, a lucidez e a correcção. É a soma dos olhares cruzados sobre a vida e o mundo que nos desfoca o umbigo, tornando-nos mais humildes no muito que há, sempre, para se saber.
Obrigado, muito obrigado, a todos.
Acho muito bem que Figo esmifre os seus últimos milhões aos xeques sauditas. Condiz com um personagem a quem os milhões há muito formataram a alma e a honra. No caso, nababos sauditas e Figo, estão bem uns para os outros. Depois, só espero que, arrumando as chuteiras, contados e arredondados os milhões, Figo limpe a consciência da sua vida desportiva, oferecendo-se para, em voluntariado, ajudar a limpar o lixo de Barcelona, cidade e povo que o amou e a quem traiu. Por milhões, sempre os milhões.
Do El Pais:
“El dinero invertido anualmente por
(Imagem obtida por esta via)
Elena Mukhina foi-se aos 45 anos. Esta atleta esteve quase a ser Sthakonovista da Ginástica, Heroína da União Soviética, Heroína do Trabalho Socialista, condecorada com a Ordem de Lenine e a Ordem da Bandeira Vermelha. Depois de ter sido campeã do mundo em 1978, apenas recebeu uma cadeira de rodas e a Ordem do Esquecimento.
É perfeitamente inútil matarem Sadam. Agora. Quando Sadam já não pode acrescentar mais aos que passou a vida a matar. A ser como pretendem que seja, tivessem-se lembrado mais cedo.
Há quem ainda não se tenha dado conta que a Gazprom já tem o caldinho todo feito para, pela mão de Amorim/Sonangol, entrar muito proximamente e em força no capital da Galp. O que, logo que foi do conhecimento público, confirmado por Américo de Amorim, fez disparar na Bolsa a cotação das acções da petrolífera ex-portuguesa. É o mercado. Que não espera pelos jogos de dominó das “políticas comuns”, tornando serôdia à nascença esta oração de um vigilante, mas distraído, jogador de dominó:
“Peritos como são, ou não fosse Pavlov russo, Moscovo só apertará os calos quando estes tiverem de ser apertados, e, nesse momento, a dependência já será elevada, de modo que teremos de nos sujeitar ao que na capital russa entenderem por bem o que devemos pagar. Tal como fizeram com a Ucrânia e agora fazem com a Bielorrússia.”
”Mais do que nunca, em matéria energética, precisamos de uma política comum, sob pena de sermos, a breve prazo, mais uma das peças de dominó a ser conquistada pela poderosa Gazprom.”
Concordo plenamente com O Jumento. É uma pena que a tenista sérvia Jelena Dokic se submeta a uma cirurgia para reduzir o tamanho dos seios a fim de melhorar a performance desportiva.
Talvez Jelena passe a ganhar mais torneios e, assim, aumentar a conta bancária em proporção inversa aos seus perímetros mamários. Mas perdemos todos na estética do prazer de olhar os courts. E até que não são grandes os seios de Jelena. São é bonitos. Muito mais que a bolinha amarela.
Esta notícia de uma tragédia em Lagos, na Nigéria (500 mortos):
“A violenta explosão de um oleoduto num bairro de Lagos, o maior centro populacional da Nigéria, matou mais de 500 pessoas e feriu um número indeterminado. As vítimas estavam a roubar combustível e as autoridades esperavam um balanço muito mais pesado de mortos.”
”Numerosos corpos incinerados eram visíveis no local do acidente. As testemunhas diziam que a vandalização do oleoduto tinha começado logo de manhã, quando um grupo de desconhecidos, usando camiões cisternas, lançou um roubo em larga escala. Isto atraiu a população local, que se juntou perto da abertura feita pelo primeiro grupo. Foi então que se deu a catástrofe. Súbita e devastadora. As vítimas foram queimadas vivas.”
”A penúria de combustível constitui um forte incentivo para a população vandalizar os oleodutos. Por isso, este tipo de incidente é frequente na Nigéria, um dos maiores produtores mundiais de petróleo, com 2,6 milhões de barris diários.”
É um grito de absurdo de um mundo a viver no paradoxo. O da posse da riqueza e o seu usufruto. Num país riquíssimo em petróleo, sendo um seu importante exportador, não só as manchas de pobreza são enormes e em alto grau como ocorrem tragédias altamente mortíferas porque a segurança é atingida pelos roubos de combustível. Evidentemente que só se pode roubar o que existe e tenha valor. E está-se mesmo a ver o convite que representa bairros e aldeias, carentes de quase tudo, incluindo combustível, a serem atravessadas por tubos conduzindo o “ouro negro”. Grande tentação esta. Mesmo quando a morte é o prémio do saque.
Mas o paradoxo ficava melhor ilustrado se a notícia identificasse as grandes fortunas nigerianas. Que as há. Além de a Nigéria contar com o mais poderoso exército africano. Fortunas e Forças Armadas alimentadas a petrodólares. Que só sobram para os constantes golpes de estado.
Vasco Graça Moura, no DN de hoje, revela o que considerou “melhor de
Entre os políticos, o arco dos escolhidos é super plural. Isto, se considerarmos a formidável pluralidade infra PSD, partido onde todos os talentos se abrigam, incluindo, é claro, o próprio VGM. Veja-se a lista: Cavaco Silva, Marques Mendes, Durão Barroso, Silva Peneda, Carlos Coelho e Rui Rio.
Quanto a livros, VGM destaca dois como “os melhores”. Um que leu e outro que não leu: “D. Afonso Henriques, de José Mattoso: O melhor livro de 2006, de que falei aqui na semana passada. Mas, fazendo fé
Com comentadores assim, há necessidade de blogues?
Diz-se aqui:
“Os próximos três meses podem ser decisivos para a conclusão do programa nuclear iraniano, ou não.”
Digo eu (com a mesma filosofia de pontaria na síntese analítica):
“Na próxima sexta vou ganhar o euromilhões, ou não.”
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