Quinta-feira, 14 de Julho de 2011

O exercício calvinista do gatuno de fraque fiscal

 

Não haverá maior atitude de enfeudamento partidário que servir partidos com a farda de “independente”. Claro que o direito a esta atitude é legítimo em si mesmo e, portanto, não censurável. A menos que se trate de uma representação combinada no sentido de esticar a imagem de crédito pela invocação da qualidades técnicas ou arbitrais agregadas pela "independência". Quando assim se trata, da batota não se passa. E batota politicamente cobarde.

 

O ministro das finanças foi, logo que indicado, coalhado de medalhas de competências e talentos. E apontado, género selo de garantia na vertente do tecnocrata salvador, como um técnico além da política e dos partidos e do tipo dos TOC de luxo no subgrupo da elite dos génios das finanças. E Vítor Gaspar, que não será tão parvo quanto quer fazer crer ao disfarçar-se de ingénuo amador metido na teia dos partidos, assumiu o seu papel melífluo como se fosse um ministro à força por imperativo da tragédia financeira nacional. Hoje, ao apresentar o novo roubo de impostos para entreter a demora na apresentação de medidas de poupança de despesa, representou na perfeição beata o papel de monge calvinista que rapa bolsos dos contribuintes como quem distribui penitências e fatalidades. Claro que não se esqueceu de isentar as boas aventuranças bolsistas para “não ofender as poupanças” (mas quem “poupa”? se aos reformados e trabalhadores por conta de outrem já pouco resta além dos cobres que transitam do ordenado para o fisco?). Foi, pode-se dizer, a cereja em cima da cartola deste gatuno de fraque fiscal. Ou seja, uma aldrabice mal lavada de quem representa seriedade para ocultar a manha do esbulho zarolho que ataca e poupa os mesmos dos costumes.   

Publicado por João Tunes às 22:51
Link do post | Comentar
1 comentário:
De Tito Baptista Pereira a 18 de Julho de 2011
gostei.
Tito

Comentar post

j.tunes@sapo.pt


. 4 seguidores

Pesquisar neste blog

Maio 2015

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

Posts recentes

Nas cavernas da arqueolog...

O eterno Rossellini.

Um esforço desamparado

Pelas entranhas pútridas ...

O hino

Sartre & Beauvoir, Beauvo...

Os últimos anos de Sartre...

Muito talento em obra pós...

Feminismo e livros

Viajando pela agonia do c...

Arquivos

Maio 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Junho 2013

Março 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Junho 2012

Maio 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

Novembro 2006

Outubro 2006

Setembro 2006

Agosto 2006

Julho 2006

Junho 2006

Maio 2006

Abril 2006

Março 2006

Fevereiro 2006

Janeiro 2006

Dezembro 2005

Novembro 2005

Outubro 2005

Setembro 2005

Agosto 2005

Julho 2005

Junho 2005

Maio 2005

Abril 2005

Março 2005

Fevereiro 2005

Janeiro 2005

Dezembro 2004

Novembro 2004

Outubro 2004

Setembro 2004

Agosto 2004

Julho 2004

Junho 2004

Maio 2004

Abril 2004

Março 2004

Fevereiro 2004

Links:

blogs SAPO