Quarta-feira, 9 de Dezembro de 2009
O facto de nunca ter votado em Cavaco Silva nem no seu partido não belisca a consideração pela legitimidade que ele teve para governar e agora possui para nos presidir. Como não diminui o meu direito à indignação, laica, perante o anúncio de que Sua Excelência, o Presidente da República, durante a visita papal, vai utilizar a força do seu cargo institucional, obtida por eleição numa república laica e democrática, para funcionar como diácono coadjuvante da Eminência dos católicos, em todos os passos, incluindo os de natureza religiosa, que este der. Esse papel de presidente-sacristão não o dignifica nem dignifica os portugueses. Será apenas mais uma fraqueza catolicista de reverência bimba e beata do actual inquilino provinciano de Belém. Fraco ou desastrado enquanto solução, Cavaco Silva, institucionalmente, é hoje um problema para a maturidade democrática.
De António Marquês a 9 de Dezembro de 2009
De acordo, naturalmente. O presidente desta República, onde há separação dos poderes entre o Estado e a Igreja, não se devia prestar a este papel de pajem. Pode fazê-lo como simples cidadão, mas nunca arrastando a cargo atrás de si.
Mas cá para mim tenho que a intenção do homem de Boliqueime é aproveitar a excelente oportunidade da visita papal e começar a "limpar-se", perante os católicos seus eleitores (e serão a maioria), da borrada deste último Verão para que contribuiu decisivamente, tendo em vista a sua recandidatura às próximas presidenciais.
Cavaco não costuma dar ponto sem nó...
De Van Aerts a 9 de Dezembro de 2009
E como vai Cavaco "ajoelhar o povo aos pés do papa"? Como Bento XVI é chefe de estado terá de o receber oficialmente, assim o problema poderá ser o assistir à missa ?
Seria a soluçao (para um problema que para mim nao existe) que Cavaco se furtasse ás cerimónias para nao parecer católico em demasiado?!?
Un saludo
Não está em causa, não poderia estar, que Cavaco receba e trate o Chefe do Estado do Vaticano com as honras devidas a um Chefe de Estado convidado. Com a dignidade devida aos seus iguais, a usualmente praticada. O resto da visita papal, a sua componente mística e religiosa, devia ser questão de foro da hospitalidade dos seus pares institucionais católicos portugueses (os senhores cardeais e bispos), reservada aos católicos enquanto comunidade religiosa. Quando a presidência emite comunicado a assegurar que o PR, enquanto PR, acompanhará todos passos da visita papal, incluindo os festejos religiosos, há aqui um evidente abuso de poder representativo porque o catolicismo não é religião oficial e nem todos os portugueses são católicos, a Constituição define-nos como Estado laico. Cavaco poderá ajoelhar-se perante o altar as vezes que quiser, benzer-se e frequentar todas as missas, receber todas as hóstias, mas como Sr. Silva, cidadão católico, não como magistrado supremo de um Estado laico. Só um católico faccioso e abusador nã entende isto, julgo.
De Van Aerts a 9 de Dezembro de 2009
Ao fim e ao cabo é apenas uma questao formal? apenas isso?
Falta uma formalidade, aqui, na nossa conversa: se declarar, em declaração de interesses, que não é católico (se é muçulmano, serve), eu entendo que não entenda o que não quer entender.
Abraço (laico, à portuguesa).
De
miguel a 10 de Dezembro de 2009
Só o título vale uma salva de palmas!
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