Tento evitar a fadiga por martelar demais na mesma tecla, para mais quando a alcateia dos demagogos desatou a uivar. Mas se o despautério é muito, há que ter paciência. E persistência, para não entregar a arena aos epilépticos das campanhas e boicotes.
Bem verdade que o uivo se tornou mais forte por parte dos auto-motorizados quando estes se sentiram atingidos. Que já levou uma parte deles ao desatino de criminalizarem uma empresa pelo odioso da crise. Mas olhemos mais fundo, para o país, para a economia. Ou seja, para as actividades económicas em que o peso dos custos dos combustíveis pesa muito, para a conexão na teia de actividades, para os postos de trabalho que dependem das empresas em que o peso dos combustíveis é crítico. Pese-se tudo e tenha-se em conta o essencial que está além do folclore dos automobilistas à beira da histeria do desespero.
Numa análise centrada na receitas de impostos, sem desejo de desvio ao objectivo do controlo do défice, o que acontece, na escalada altista com os preços dos combustíveis? Cristalizando a posição de não abrir mão da colecta do actual valor do ISP, havendo muitas empresas e actividades que encerram, o que o Estado irá perder em perdas de impostos (IRC, IVA) e aumento de encargos pelo aumento de desemprego, não representa um valor muito superior ao da receita do ISP que se perderia pela sua redução parcial?
Fácil será concluir que a teimosia do governo em não mexer no tabu do ISP é o caminho mais rápido para acelerar uma gravíssima crise económica e social, estoirando, em simultâneo, com o controlo do défice, pela avalanche de perdas de colecta de tributações sobre empresas e actividades incapazes de competirem devido aos impostos cobrados à cabeça em custos de matérias-primas e combustíveis.
Olhe-se para aqui, mais uma vez, e façam-se as contas simples de fazer, comparando-se o que há para comparar no panorama europeu. Depois, responda-se à pergunta: onde está o problema português?