Na foto de cima, está um instantâneo da desinfestação de um busto de José Martí, herói da luta pela independência cubana e que Fidel Castro incorporou, como elemento de exaltação nacionalista, na gesta dos patronos da Revolução. Aliás, o culto por José Martí foi, e assim se mantém, um dos pilares de legitimação histórica e ideológica do regime desde o seu início. Só mais tarde a galeria dos inspiradores se foi completando e José Martí passou a emparceirar com Lenine, Marx, Engels e Che Guevara. Mas sempre, na hagiografia oficial, a figura e a obra de José Martí manteve o papel relevante de emprestar um cunho próprio, nacionalista, cubano e latino-americano, dador de substância à especificidade do socialismo cubano. Até porque, ou sobretudo, José Martí combatera o domínio norte-americano sobre a Ilha.
Neste momento, Cuba está a braços com a propagação de uma epidemia mortífera de “dengue” (doença transmitida por mosquitos) e que não só está a provocar várias vítimas na população como a esboroar o prestígio emblemático da superioridade médico-sanitária do regime castrista que se ufana de exportar médicos e medicina para todo o mundo, pois a epidemia está a ser de controlo muito difícil. Assim, é natural que, na prioridade do combate ao “dengue”, se proceda à desinfestação massiva, inclusive do seu herói maior. Não só o “dengue” não deve contaminar os símbolos de José Martí, como, muito menos, eles podem servir de abrigo aos mosquitos portadores da doença. Certo. Certíssimo.
O que não há desinfestação que resulte, por muito controlo, polícias e prisões que se espalhem, é o pensamento libertário de José Martí, sobretudo quando são panfletos de memória rebelde contra a opressão. Como este:
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